Um grupo de voluntários está levando água e mudando a realidade de famílias carentes do semiárido piauiense que convivem com a escassez e a seca. Só no ano passado, foram construídas 30 cisternas em comunidades rurais localizadas dentro do quilombo Lagoas, no município de São Raimundo Nonato.
“Só no último mês de janeiro e início de fevereiro, já construímos outras 11 cisternas. Isso faz parte do cronograma de 120 cisternas que queremos entregar até o final do ano”, afirma Guto Oliveira, presidente do Instituto Logística Unindo Solidariedade e Sustentabilidade (iLuss), organização formada por profissionais de várias regiões do país.
Cada cisterna construída pelo grupo de voluntários, com capacidade para armazenar até 16 mil litros de água e abastecer uma família de até seis pessoas por um período de seis meses, custa em média R$ 4 mil já abastecida. O valor é arrecadado através de financiamento coletivo virtual, que também possibilita a execução de outras iniciativas semelhantes.
Isso porque somadas às cisternas, o iLuss também possui ações voltadas à segurança hídrica no estado, como a construção de poços semi-artesianos completos, equipados com toda a estrutura hidráulica, elétrica e caixa d’água coletiva, e realiza a escavação de barreiros, valas que retém água da chuva e pode ser usada na irrigação e criação de animais.
“Já entregamos três poços completos, mas houve três tentativas de perfuração onde não se encontrou água. Esse ano a gente espera entregar mais 24 poços, com a perfuração, equipamento hidráulico, bomba e chafariz”, explica o presidente do Instituto, que tem ações nas comunidades de Nova Jerusalém, Serra dos Gringos, Baixão da Serra, Serra Nova, Balancete, Vistosa, Rompe Gibão e Boi Morto.
O projeto do grupo de voluntários também realiza iniciativas sociais de segurança alimentar e de desenvolvimento econômico, por meio da implantação de hortas orgânicas familiares ou comunitárias naquela região. Também é feito o diagnóstico da vocação das comunidades para atividades de geração de renda das comunidades e sua capacitação
“O que a gente faz chamamos de impacto e adoção comunitária. Não fazemos ações isoladas, cada comunidade onde começamos o trabalho é uma caminhada de médio/longo prazo […] Saímos recentemente de uma reunião com uma empresa francesa, que está iniciando um processo de preparar 50 famílias para produzir algodão orgânico para ela”, pontua Guto.
Além das doações, o iLuss também conta com o apoio logístico do poder público municipal e do Governo do Estado, que oferecem transporte e acomodação da sede operacional dos voluntários. Apesar de atuarem apenas no Piauí, o grupo espera que o sucesso alcançado no estado seja um estímulo para surgirem outras iniciativas semelhantes pelo país.
“Creio que se houvessem mais grupos assim, com pessoas independentes que se unissem e se empenhassem em resolver alguns dos muitos problemas que temos no país, o Brasil seria diferente. Não dá só pra esperar que políticos ou empresários resolvam os problemas. Os desafios são os mais diversos”, finaliza o líder do grupo.
Fonte: Cidade Verde