A balança comercial piauiense obteve um superávit de U$ 148,4 milhões, no primeiro trimestre. É um recorde para o período, além de registrar o maior crescimento do país, algo em torno 1.800%, na comparação com o ano passado. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia que apontou a soja como o responsável por esse crescimento estratosférico. De cada 100 dólares que entraram no Estado, esse ano, em torno de 65 foram provenientes da venda do produto ao exterior.
E não é pra menos. Segundo o acompanhamento da safra brasileira de abril, realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Piauí deverá registrar a maior produtividade de soja de sua história, com média de 3.6 kg por hectare (56,8 sacas/ha), colocando-o à frente, em termos de rendimento, dos demais produtores da região do Matopiba, área compreendida entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, e que é considerada uma das últimas fronteiras agrícolas do país.
A expectativa da safra de soja, deste ano, no Piauí se aproxima das 3,3 milhões de toneladas de grãos, um crescimento de 20,6% em relação à colheita de 2021. Na verdade, trata-se do maior percentual de crescimento entre os estados produtores de soja no país. O Mato Grosso, por exemplo, que é o maior produtor de soja do Brasil em quantidade, tem previsão de crescimento de apenas 7,3%, ou seja, menos da metade do que o Piauí deve crescer.
Para Alzir Neto, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Piauí (Aprosoja-PI), essa é uma grande oportunidade de mostrar o que o estado pode oferecer. “Os resultados são muito satisfatórios. Uma safra recorde que a gente começou a colher e com isso o Piauí mostrando que tem uma capacidade de produzir muito por hectare, mostrando que tem técnica, tem precisão no trabalho e tem votação para agricultura”, pontuou, lembrando que as chuvas deste ano, também, ajudaram bem.
E bota ajuda nisso, hein. As chuvas foram boas durante todo o período, segundo a meteorologia. Porém, as ocorridas em março foram fundamentais para a consolidação das lavouras de primeira safra. Houve aumento de 5,4% da área devido à conjuntura favorável do mercado. A maioria das lavouras se encontram em enchimento de grãos e maturação. Cerca de 85% das lavouras estão em boas condições. “E olha que o período chuvoso ainda não terminou de fato”, lembrou Alzir.
Piauí se transformou em um mar de soja
Em virtude desse conjunto de fatores e a grande produtividade da soja, a área de semeadura do Piauí vem girando em torno de 893,2 mil hectares, um aumento de 8% frente à temporada passada. Apelidado de “caçulinha”, o Estado começou os investimentos no agronegócio da soja há cerca de 25 anos apenas e cresceu mais de 20% nesse intervalo, saindo de 2.5 milhões de toneladas para mais de 3 milhões de toneladas.
Safra de soja no Piauí se aproxima das 3,3 milhões de toneladas – Foto: Jornal MN
O cenário da soja no Piauí é tão bom que o estado vem sendo protagonista esse ano em eventos nacionais. O primeiro ocorreu ainda em fevereiro, na Fazenda Progresso, no município de Sebastião Leal, no extremo sul piauiense. Lá, foi promovido, pela primeira vez na história, a abertura da colheita nacional da oleaginosa. Dezenas de produtores de todo o país estiveram no local para falar da produção nacional de soja e das expectativas futuras.
“Antes o que era um Cerrado, foi transformado em um mar de soja. Teremos uma safra recorde e o Piauí tem capacidade de mais do que dobrar a sua produção de grãos. Acredito que isso acontecerá nos próximos dez anos”, afirmou Alzir Neto, presidente da Aprosoja-PI, destacando que o nível de técnica e de precisão das lavouras mostra a aptidão do estado em vencer os gargalos da produção do estado, como a infraestrutura e a logística.
Fonte: Meio Norte