Regina Sousa assume o lugar do governador Wellington Dias. A deputada federal Margarete Coelho já foi governadora quando vice do petista, mas de forma interina.
Maria Regina Sousa, 71 anos, assume nesta quinta-feira (31) o governo do Piauí e se torna a primeira mulher a assumir o cargo efetivamente. Formada em Letras, com habilitação em língua portuguesa e francesa, pela Universidade Federal do Piauí, exerceu também a carreira bancária. O atual governador Wellington Dias (PT) deixa o cargo após dois mandatos consecutivos e deve concorrer ao Senado nas eleições de 2022.
Com a posse, Regina se tornará uma das três mulheres a governar um estado do país neste ano. Além do Piauí, no Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT) foi eleita nas últimas eleições.
Em Pernambuco, a vice-governadora Luciana Santos (PC do B) assumirá o governo com a saída do governador Paulo Câmara (PSB) para concorrer nas próximas eleições. Na história do país, apenas nove mulheres foram eleitas para o comando do executivo estadual em seus estados.
Biografia
Filiada ao PT, Regina foi presidente da sigla no estado por seis vezes e, pelo partido, foi a primeira mulher do estado a assumir uma vaga no senado federal, entre 2015 e 2018, quando deixou o mandato para concorrer ao governo do estado na chapa encabeçada por Dias.
Nascida em União, a governadora do Piauí é filha de um trabalhador rural, Raimundo Sousa Miranda, e da dona de casa Maria da Conceição Silva Miranda, da cidade de União, a 52 km de Teresina. Tem 13 irmãos. Aos 10 anos, ajudava os pais plantando e colhendo feijão, milho e fava.
Regina Sousa (PT). — Foto: Lucas Barbosa/G1
Foi quebradeira de coco e, devido à vivência da família, buscou através da atividade sindical atuar nas questões de direitos dos trabalhadores rurais, meio ambiente e direitos humanos.
Tornou-se professora em 1971, aos 21 anos, atuando primeiro no ensino fundamental, depois no ensino médio e na Universidade.
Foi fundadora da Central Única dos Trabalhadores no Piauí, da qual já foi presidente estadual e membro da direção nacional, iniciando a militância sindical em 1978.
Como bancária, iniciou a carreira em 1983, quando passou a atuar mais ativamente nas questões sindicais, época em que conheceu e passou a atuar ao lado de Wellington Dias, também bancário de carreira.
Sempre ao lado de Wellington, tornou-se presidenta do PT, o qual presidiu por seis mandatos alternados, e coordenou campanhas eleitorais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Wellington Dias.
Foi ainda secretária de administração exercendo o cargo nos dois primeiros mandatos de Wellington, entre 2003 e 2010.
Em 2018, foi eleita vice-governadora do Estado do Piauí ao lado de Wellington Dias
Solenidades de posse
As solenidades para a vice-governadora Regina Sousa (PT) assumir efetivamente o governo do Piauí iniciaram na segunda-feira (28).
A sessão solene de posse ocorre às 9h30 da quinta-feira (31), na Assembleia Legislativa do Estado do Piauí. E depois há a Cerimônia de Transmissão de cargo no Palácio de Karnak, sede do governo estadual.
Expectativa
Regina Sousa falou sobre as expectativas com relação ao seu papel à frente do executivo estadual, já que será a primeira governadora do Piauí de forma efetiva. O Piauí já teve uma vice-governadora, Margarete Coelho, mas que só assumiu o governo de forma interina.
“Eu me sinto feliz. Será um desafio e tanto, não apenas por ser mulher. Para qualquer um, seja homem ou mulher, assumir um Estado, uma cidade, um país, cuidar da vida do povo, é muita responsabilidade. Estou preparada, pensando em coisas que eu possa desenvolver e que tenham a ver com meu jeito, com minhas metas, com minhas causas”, disse Regina.
Sousa coordena o PRO Piauí Social e disse que vai priorizar os cuidados da população vulnerável. “Eu quero cuidar das pessoas que estão precisando, que são invisíveis e isso, geralmente, não gera notícias, as pessoas não veem. Mas, eu considero que a grande obra da minha vida é trabalhar com essas pessoas, que é tudo que tenho feito até hoje”, pontuou.
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Regina Sousa assumirá o governo do Piauí e fala sobre sua futura gestão
Quanto à representatividade para as mulheres de estar no cargo máximo do Poder Executivo estadual, a vice-governadora cita a importância do empoderamento feminino.
“É importante porque a gente tem uma luta por empoderamento. Então, cada uma que ocupar um espaço é um exemplo para dizer que a mulher pode fazer as coisas, que pode ser governadora, prefeita ou presidenta. As meninas que estão vendo e vão se mirar nesse exemplo, como quem estuda e chega nas faculdades. Cada conquista das mulheres é exemplo para as meninas e outras mulheres para consolidarmos a conquista dos espaços públicos que ainda são muito masculinos, a gente ocupa muito pouco”, disse Regina Sousa.
“Já temos a Fátima, governadora no Rio Grande do Norte, agora seremos eu no Piauí e a Luciana, de Pernambuco. Três mulheres governadoras neste resto de ano. São 27 estados e somente uma mulher foi eleita para governadora, ainda é muito pouco. No parlamento, 12% é muito pouco ainda. Agora, se pensarmos que há pouco tempo não tínhamos nada, já foi conquista. Mas, precisa de muito mais”, disse.
Ela comentou ainda que o estabelecimento de quotas pode ser uma das soluções para a inclusão de mulheres no poder.
“No espaço do parlamento a solução é fazer a quota das mulheres. Os países mais avançados na participação da mulher no poder foi por meio de quotas. A Espanha é o melhor exemplo, lá, até na ocupação dos ministérios, tem paridade, 14 ministros, sete mulheres e sete homens. E ocupam qualquer ministério, não somente de assistência social. Na Argentina, as mulheres ocupam 40%, por quota”, avaliou a vice-governadora.
Fonte: G1