Lúcio Batista Fialho foi preso, na manhã desta terça-feira (25), suspeito de participar da chacina em que quatro homens foram assassinados a tiros, no domingo (23), em Baixa Grande do Ribeiro 583 km ao Sul de Teresina. Outros três suspeitos estão sendo procurados pela polícia.
Segundo o delegado Matheus Zannata, o suspeito preso teria emprestado as armas que foram usadas pelos autores da chacina.
Vingança
Ainda segundo o delegado Zanatta, o massacre foi uma vingança de um dos suspeitos contra a família:
No ano de 2022, o sogro do suspeito de ser o mandante do crime, identificado como Jhon Lennon dos Santos Abreu, que era funcionário dos Dalcin, faleceu de causas naturais na fazenda da família. O suspeito então teria ficado com raiva, por acreditar que a família havia tinha demorado a comunicar sobre a morte às autoridades competentes.
Então, o homem processou a família, em busca de uma indenização. Depois, o suspeito e os familiares começaram a trocar ameaças, que foram se intensificando.
“Na semana passada, o Jhon Lennon achou que os Dalcin tinham contratados dois pistoleiros para matar ele. Ele se antecipou e executou a família Dalcin”, disse o delegado Zanatta.
Ainda segundo o delegado, o mandante teria participado do crime dirigindo o carro. Dois outros homens, identificados como Euton Marcos Santos Lira e Velton Avelino de Sousa, ainda foragidos, teriam executado as quatro vítimas. Os três suspeitos foram identificados, têm mandados de prisão já expedidos pela Justiça e estão sendo procurados.
Segundo o gerente de policiamento do interior, da Polícia Civil do Piauí (PC-PI), delegado Célio Benício, os três têm passagens pela polícia.
Na manhã desta terça, foi divulgado o resultado do laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) do Piauí. O parecer técnico identificou que os criminosos utilizaram pelo menos uma arma de fogo de alta energia (fuzil ou similar). Cerca de 14 projéteis foram disparados contra as vítimas.
Conforme o diretor do Departamento de Polícia Técnico-Científica, da Polícia Civil do Piauí (PC-PI), Antônio Nunes, o principal alvo foi o operador de máquinas Leonilton Sousa da Silva, de 33 anos, natural de Balsas, no Maranhão. Ele foi atingido por oito disparos.
As demais vítimas, os agricultores Luiz Pedro Dalcin, de 61 anos; e os dois filhos dele, Luíz Antônio Dalcin, 34, e Gustavo Dalcin, 36, foram atingidos por dois a três disparos cada um. Os três eram naturais do Rio Grande do Sul.
“Todos três foram examinados, foram retirados projéteis pra futuras comparações, inserção em sistema. Os dois filhos do Luiz Pedro, o Luiz Antônio e o Gustavo Dalcin, neles tinham duas, três lesões na face cada um, com projéteis de arma de fogo de alta energia cinética. Tanto que tiveram fraturas cranianas graves com poucos disparos. O Lenoilton tinha um pouco mais, tinha oito perfurações. Nós conseguimos recuperar três projéteis dele”, informou.
Um terceiro filho de Luiz Pedro, Cássio Dalcin, esteve no IML de Teresina para confirmar a identificação do pai e dos irmãos Luiz Antônio e o Gustavo. Os corpos foram liberados e retirados na segunda-feira (24). O velório será realizado nesta terça-feira (25) em Salto do Jacuí, na Região Central do Rio Grande do Sul.
O corpo de Leonilton Sousa da Silva foi encaminhado para Picos, onde foi periciado e liberado para enterro.
“Os três [pai e filhos] estavam sem documentos hábeis, estavam com xerox, não eram hábeis legalmente para identificar. Um dos filhos do senhor Luiz Pedro trouxe os documentos [oficiais], então a gente conseguiu identificar com os documentos mesmo. De forma que todos três foram analisados, liberados e retirados ainda ontem”, disse Antônio Nunes, em entrevista à TV Clube, nesta terça (25).
Quem são as vítimas
Luiz Pedro Dalcin era natural de Sobradinho, no RS. Os filhos nasceram na cidade de Arroio do Tigre, também no RS. Já Leonilton Sousa, funcionário da família, era natural de Balsas, no MA.
Segundo Cássio Dalcin, de 33 anos, os familiares moravam no Piauí desde 2019. No estado, trabalharam com produção e colheita de soja e feijão. O filho disse que conversava com o pai pelo menos uma vez por semana.
”Uma pessoa muito correta, construiu tudo do zero, trabalhando. Nunca tentou passar por cima de ninguém”, relembrou o filho da vítima.
Luiz Pedro deixa Cassio e uma filha. Luiz Antônio deixa dois filhos. Gustavo deixa uma filha.
O crime
Quatro pessoas foram assassinadas a tiros em Baixa Grande do Ribeiro, no Sul do Piauí, no domingo (23). Segundo a Polícia Militar, o crime aconteceu por volta das 7h, em uma casa alugada onde as vítimas moravam, na zona urbana da cidade. As quatro vítimas foram todas assassinadas no terraço da casa.
Ao g1, o superintendente de Operações Integradas da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP-PI), delegado Matheus Zanatta, informou que mais equipes do Departamento de Combate a Organizações Criminosas (Draco), especializadas das polícias civil e militar, além foram encaminhados para Baixa Grande do Ribeiro. O helicóptero da PM também foi enviado para ajudar nas buscas pelos criminosos.
“Estamos colhendo informações e imagens das câmeras de segurança para entender um pouco da dinâmica do crime, esclarecer a motivação e identificar os autores. A polícia tem trabalhado com várias linhas de investigação”, destacou.
Vítimas pularam muro para se salvar
O delegado Célio Benício, da Gerência de Polícia do Interior (GPI), revelou que outras duas pessoas que também estavam no local precisaram pular o muro para se salvar.
Conforme o delegado Célio Benício, a polícia foi acionada pelas duas pessoas que sobreviveram ao crime. Elas relataram que foram abordadas por dois homens armados, que utilizavam camisas para cobrir o rosto.
“Essas duas pessoas seriam amigos da família, seriam do Sul do país inclusive, conseguiram chegar até a Delegacia de Polícia e pedir ajuda. Foram ouvidos, informaram que estavam dormindo quando foram abordados por duas pessoas com camisas sobre o rosto, procurando se tinham armas e os levando para o terraço, momento em que se iniciou os disparos de arma de fogo. Os dois muito assustados conseguiram fugir, pular o muro”, contou Célio Benício.
Fonte: g1 Piauí