
O território quilombola Caraíba, localizado nos municípios de Isaías Coelho e Campinas do Piauí, foi reconhecido pelo Incra para fins de reforma agrária, por meio da Portaria nº 1.107, publicada no Diário Oficial da União, de 19 de maio de 2025.
A publicação autoriza o início do processo de análise para inclusão de 160 famílias da comunidade quilombola como novas beneficiárias do Programa Nacional de Reforma Agrária.
A área quilombola é reconhecida e titulada pelo Instituto de Regularização Fundiária e Patrimônio Imobiliário do Estado do Piauí (Interpi). O reconhecimento por outro ente público possibilitou a aprovação da proposta de inclusão das unidades familiares pelo Incra.
No início do processo, foram cadastradas 138 famílias e, posteriormente, a quantidade foi alterada para 160 unidades familiares, por meio de declaração a pedido da Associação Quilombola Caraíba.
Sobre a comunidade
De acordo com o Relatório de Identificação e Delimitação (RTID), elaborado pelo Interpi em 2020, o território quilombola Caraíba, com área de 2.442,44 hectares, possui uma população de aproximadamente 600 pessoas. As relações do parentesco apontam para um grupo bem definido, porém não isolado, contadas seis gerações.
O nome da comunidade teria origem, segundo o RTID, da plantação de duas árvores caraíba por antigos moradores da região. A espécie pode ser encontrada nas áreas de caatinga, amazônia, na região Nordeste, e nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso.
Caraíba também era uma das fazendas pertencentes a Domingos Afonso Mafrense, sertanista e colonizador português que ocupou sesmarias no Nordeste do país, tendo influência na história do Piauí colonial.
As casas na comunidade são de tijolos de adobe e quase todas possuem água encanada, com sistema de abastecimento por poços artesianos ou cisternas. Há nove poços na comunidade, sem contar os particulares. A eletrificação na comunidade chegou entre os anos de 2008 e 2010, porém nem todas as moradias têm energia elétrica.
Algumas famílias, de forma individualizada, trabalham na apicultura, com produção de mel para consumo e venda, quando há excedente. Em 2018, com o Projeto Viva o Semiárido, foi possível construir a Casa do Mel, com a instalação de colmeias em caixas e maquinário. O mel é produzido a partir das floradas do angico, marmeleiro, aroeira e juazeiro.
As famílias também trabalham na plantação de feijão e milho, e na criação de porcos, galinhas e cabras.
As principais fontes de água da comunidade são das barragens Forno Velho e Caraíbas, da lagoa Funda, da nascente Rachinha e do tanque do Padre Geraldo, construído em 1993 com dois diques de acesso livre aos animais. Na barragem Caraíba, durante o período chuvoso, é possível pescar várias espécies de peixes, como traíra, cari, corró, piau, curumatá, chicote, piaba e mussum.
A argila obtida na barragem Caraíbas é utilizada na produção de tijolos de adobe. As atividades de cultura e lazer da comunidade incluem o jucá – luta de bastão da época dos escravos que servia de aquecimento para o início da roda de capoeira –, o samba de roda, samba de cumbuca e futebol.
Fonte: cidadeverde.com