Um dos principais suspeitos de participação no roubo do monomotor, de dentro do Clube de Ultraleve de Teresina, é o filho do piloto da aeronave. Não há suspeitas de que o piloto tenha participado. A Operação Cessna, deflagrada nesta quinta-feira (16) pela Polícia Civil, prendeu 22 suspeitos de envolvimento no crime que aconteceu no dia 14 de janeiro.
“Ele passou informações privilegiadas sobre o funcionamento do aeroclube e sobre a situação da aeronave, que ela estava em perfeitas condições de uso”, informou o delegado Francírio Queiroz.
A polícia informou ainda que identificou diversas transações financeiras entre o grupo criminoso e o filho do piloto, mas os valores não foram informados por questões de sigilo e para não atrapalhar as investigações.
O plano inicial era roubar um avião de outro estado, mas os criminosos mudaram de ideia após o filho do piloto passar as informações. Conforme a polícia, ele não tinha envolvimento com crimes, mas convivia com pessoas que tinham e a Polícia acredita que foi a partir disso que ele foi “cooptado” para fazer parte do esquema.
O esquema, conforme as investigações, tinha como objetivo roubar o avião para uso no tráfico de drogas e alguns dos envolvimentos tinham envolvimento com narcotraficantes da Bolívia.
O grupo era extenso e os núcleos em Teresina eram responsáveis por identificar o bem a ser roubado, planejar e executar o roubo. Em São Luís foi feita a adulteração da aeronave. Em Bacabal foi feito o armamento e a movimentação financeira.
No MT, os integrantes receberiam e levariam para a Bolívia. Foi a dificuldade de abastecimento devido ao trabalho da polícia junto aos locais de combustíveis que levou ao pouso forçado que fez com que o avião fosse recuperado.
22 presos
O nome da Operação Cessna faz referência ao modelo da aeronave roubada, Cessna 206. Ao todo, foram emitidos 22 mandados de prisão e todos foram cumpridos. Além das ordens de prisão, também foram concedidos pela Justiça 31 mandados de busca e apreensão.
Em Teresina, foram cumpridos oito mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão. Os alvos da operação na capital são investigados pela execução do roubo, pelo uso de armas de fogo pesadas e por ter mantido o vigia e a família dele refém durante a ação criminosa.
Prisões em outros estados
No Maranhão, foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão. As ordens judiciais foram executadas nas cidades de São Luís, Paço do Lumiar, Lago da Pedra, Lago do Junco, Lago dos Rodrigues e Araguanã.
No estado, vizinho ao Piauí, os alvos são investigados pela aquisição de armamentos, gerenciamento financeiro e logístico da ação criminosa, além da adulteração da aeronave roubada e aquisição de combustível de aviação.
Segundo a PC-PI, alguns dos investigados possuem vínculo com o Aeroporto Coronel Alexandre Raposo, do município de Paço do Lumiar, na região metropolitana da capital maranhense.
Em Pernambuco, foi cumprido um mandado de prisão temporária e um mandado de busca e apreensão. O alvo é suspeito de ter alugado o veículo utilizado para transportar os criminosos no momento do crime.
Em Mato Grosso, também foi executada uma ordem de prisão temporária e três de busca e apreensão. Lá, a polícia investiga suspeitos de organizar a logística para reabastecer o avião roubado, em uma pista clandestina na zona rural da cidade de Juara, a 690 km de Cuiabá.
Conforme a investigação, a aeronave seria levada para a Bolívia, mas teve que fazer um pouco forçado por falta de combustível, ainda em Juara (MT), no dia 22 de janeiro. Na ocasião, três homens foram presos e o avião foi recuperado.
‘Nunca pensei que iriam roubar um avião’
O neurologista Jacinto Lay, dono do avião, conversou com o g1 sobre o roubo. “Nunca pensei que iriam roubar um avião. É a primeira vez que ouço falar disso aqui no estado. A sensação é de insegurança, impotência, é muito triste o que aconteceu”, declarou na ocasião.
Fonte: G1