Ao menos 2 crianças tiveram lesões em pernas e braços após ‘castigos’, segundo Polícia Civil e Ministério Público. Foto no telefone apreendido de Roberta Serme, uma das donas da escolinha, mostra bebê preso em cadeirinha no banheiro e sujo de fezes. Ela e irmã estão presas acusadas de torturar 9 alunos.
Exames de corpo de delito comprovaram que ao menos duas crianças que frequentavam a Escola Infantil Colmeia Mágica, na Zona Leste de São Paulo, apresentaram lesões nas pernas e nos braços, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público (MP). De acordo com a investigação, os ferimentos ocorreram por conta dos ‘castigos’ sofridos no local. Ao todo, nove alunos (duas meninas e sete meninos) foram vítimas de tortura e outras violências, de acordo com as autoridades.
As duas donas da escolinha estão presas preventivamente por decisão da Justiça acusadas pelos crimes. Uma funcionária também responde pelas mesmas acusações, mas em liberdade. O julgamento delas ainda não foi marcado. O caso foi revelado em 15 de março pelo g1 depois que vídeos mostravam crianças chorando e amarradas em lençóis, presas a cadeirinhas de bebês dentro de um banheiro da Colmeia Mágica. As imagens viralizaram nas redes sociais.
De acordo com a apuração da reportagem, para o Ministério Público “em razão da aplicação desses ‘castigos’, por ser mantido preso por longo período numa cadeira pequena”, uma das crianças “acabou sofrendo ferimentos”, de acordo com uma foto, “tirada pela própria família do menor, sendo constatadas lesões corporais de natureza leve, conforme laudo de corpo de delito”.
Perícia constatou lesão em pelo menos dois alunos da Colmeia Mágica. Imagens acima mostram braço machucado de uma mesma criança — Foto: Reprodução
Ainda segundo a investigação, a partir do que a perícia constatou, um outro bebê, “por ficar muito tempo imobilizado no bebê conforto, acabou se lesionando algumas vezes”.
De acordo com as autoridades, a perícia encontrou ainda no celular apreendido de Roberta Serme, uma das donas da escola, a foto de um bebê chorando, preso por um cinto em uma cadeirinha e sujo de fezes. Segundo o MP, a imagem estava no aparelho desde 3 de março.
Em maio deste ano, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou rés as duas donas da escola, Roberta e Fernanda Serme, além de Solange Hernandez, uma funcionária da escola por tortura e outros crimes contra nove crianças. Elas também são acusadas por maus-tratos, associação criminosa, perigo de vida e constrangimento.
Procurada pelo g1 para comentar o assunto, a defesa das irmãs Serme alegou que os exames comprovem que as crianças sofreram lesões na escola, “Tenho todos os laudos e nenhum deles aponta lesão sofrida na escola”, disse nesta sexta-feira (26) o advogado André Dias.
A defesa de Solange não havia se pronunciado até a última atualização desta reportagem.
“As lesões estão comprovadas com juntadas de prontuários médicos e imagens que foram estão no inquérito policial”, disse a advogada Ana Carolina Badaró, que defende os interesses da mãe de uma das vítimas. “O que leva a crer que as lesões ocorreram dentro da escola. Não temos dúvidas disso”.
Fonte: G1