A coqueluche, uma doença respiratória que parecia controlada, está voltando com força em várias partes do mundo. Na União Europeia, 17 países registraram um aumento significativo nos casos. Entre janeiro e dezembro do ano passado foram notificados 25.130 casos naquele continente, e de janeiro a março deste ano esse número subiu para 32.037. Em meio a surtos de coqueluche em países da Ásia e da Europa, o Ministério da Saúde no Brasil publicou uma nota técnica em que recomendou ampliar, em caráter excepcional, a vacinação contra a doença no Brasil.
Segundo dados do Ministério da Saúde, nos últimos anos, em todo o Brasil, os registros confirmados foram de 159 casos em 2021, 244 casos em 2022 e 214 casos em 2023.
A doença afeta diversos grupos etários, com maior incidência entre crianças menores de 1 ano, seguidas pelas faixas de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos. Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche é uma infecção respiratória que atinge a traquéia e os brônquios, provocando crises de tosse seca. A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com gotículas eliminadas por tosse, espirro ou fala. Em algumas situações, pode ser transmitida por objetos contaminados. A doença tende a se espalhar mais em climas amenos ou frios.
Vacinação e medidas preventivas
“Um adulto, mesmo vacinado quando bebê, pode se tornar suscetível novamente à coqueluche, pois a vacina perde eficácia com o tempo,” alerta a enfermeira Keydilane Sampaio de Sousa Abade. “Por isso, a imunização de crianças nos primeiros meses de vida é crucial”, reforça.
Os sintomas da coqueluche variam em três níveis. No estágio inicial, os sintomas são semelhantes aos de um resfriado, incluindo mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. “No estágio intermediário, a tosse seca piora, tornando-se severa e descontrolada, o que pode comprometer a respiração. Crises de tosse podem causar vômito e cansaço extremo. Os sintomas da coqueluche geralmente duram entre seis e dez semanas”, alerta a enfermeira.
A maioria dos casos e mortes por coqueluche ocorrem em crianças menores de um ano, especialmente nos primeiros seis meses de vida, quando ainda não se completaram as três doses da vacina. “Essa é uma preocupação das autoridades de saúde. Todas as crianças precisam urgentemente da atualização de seus calendários vacinais para estarem realmente protegidas contra a doença,” enfatiza Keydilane Sampaio de Sousa Abade.
A atualização da caderneta de vacinação é a medida preventiva mais eficaz para reduzir a transmissão da coqueluche, especialmente nos ambientes escolares, onde o contato entre as crianças é constante. Famílias devem verificar quais vacinas precisam ser atualizadas e procurar serviços de saúde como UBS ou clínicas de vacinação.
Situação global e o contexto no Brasil
No Brasil, a última grande epidemia de coqueluche ocorreu em 2014, com 8.614 casos confirmados. Entre 2015 e 2019, os casos variaram entre 3.110 e 1.562. A partir de 2020, houve uma queda significativa nos registros, atribuída à pandemia de COVID-19 e às medidas de isolamento social. No entanto, entre 2019 e 2023, todas as 27 unidades federativas do país notificaram casos de coqueluche.
Fonte: Cidade Verde