A produção de soja do Piauí pode mais uma vez bater recorde neste ano. A previsão é que seja 10% maior do que a do ano passado, segundo a Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja). E parte deste sucesso se deve também a mulheres que administram empreendimentos Agro que antes eram dominados apenas por homens.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de estabelecimentos rurais administrados por mulheres teve um aumento de 38%, entre 1998 e 2020. No Piauí, onde o setor deve se tornar o maior da região Nordeste nos próximos de 10 anos, não é diferente.
Da pesquisa científica dos bioinsumos e produtividade, à administração de pessoal e contábil das fazendas, conhecimento do maquinário agrícola, elas estão presente e contribuem com novos olhares para o crescimento do setor.
Exemplo de mulheres Agro
Em alguns casos elas até dominam e são braços forte na gestão das fazendas familiares. A exemplo, da Fazenda Chapadão do Céu, no município de Sebastião Leal, a pouco mais de 400km de Teresina. Na família Dalto, é a Patrícia Dalto é muito presente na junto ao pai na gestão da área de plantio da soja, do milho e do milheto.
De outra geração; Rosangela Werner, está entre as pioneiras. Veio do Rio Grande do Sul com o marido, conhecer a nova área no Piauí ainda em 1998 e para morar cinco anos depois. Pode ser chamada de desbravadora da região de Uruçuí/Bom Jesus entre as famílias pioneiras da comunidade agrícola Nova Santa Rosa.
Também pioneira e uma das mais atuantes mulheres no Agro piauiense é Anne Sanders. Ela está à frente de várias iniciativas que beneficiam a cidade de Sebastião Leal, além da dedicação pela gestão da Fazenda Progresso, modelo para todo o Brasil. Anne é organizadora do Congresso Nacional das Mulheres do Agro.
Segundo o presidente da Aprosoja Piauí, Alzir Neto, o papel delas tem sido fundamental no atual sucesso do setor.
“Entre outras razões, a qualificação técnica das mulheres tem se mostrado de extrema importância, tanto na área das pesquisas como os bioinsumos, na área de gestão mesmo e em muitos casos elas conhecem a cadeia completa até mais que muitos de nós, homens”, afirmou.
Organização da Exposoja
De origem familiar agrícola, Rosangela trabalha no campo desde pequena. Em quem fala sobre importância dela na gestão da fazenda é o próprio filho, Samuel Werner, também diretor da Aprosoja.
“Atualmente ela é responsável pela parte contábil fiscal. Ela é formada em direito pela Universidade Federal de Rio Grande do Sul. Além trabalhar na fazenda, advoga para terceiros e advoga para a fazenda”, explicou.
Um dos maiores eventos de exposição agrícola do Piauí tem Rosangela a frente, é uma das organizadoras da Exposoja.
“Na hora que ela firma o pé, ela consegue dominar. Sempre consegue o que quer”, disse Samuel.
Nem sempre foi advogando pela fazenda e administrando que ela contribuiu. Também atuou no serviço manual, quando criança quebrava milho na mão, somente após o casamento passou a se dedicar mais a parte administrativa, por isso, assim como Patrícia, Rosângela também conhece todo o processo, com os sucessos e também dificuldades enfrentadas, mas que leva o Piauí a ser recordista de safras ano após ano.
Embaixadoras do Agro
Outro aspecto importante da contribuição delas, tem sido o de desmitificar muitas ideias a respeito do Agronegócio, usando as novas ferramentas de comunicação e se tornando grandes influenciadoras.
Patrícia Dalto consegue transformar o trabalho em fonte de informação e frequentemente posta em suas redes sociais a realidade do campo, sempre estabelecendo um link com a realidade de quem vive na cidade.
“Acredito que é possível, mostrando no nosso dia a dia, explicar para qualquer pessoa porque plantamos o milheto, por exemplo, como safrinha e onde ele chega na casa delas direta e indiretamente, pois tudo sempre tem uma ligação com o agro”, disse Patrícia.
“O milheto alimenta aves que vão para as mesas em refeições e mostrar isso direto do campo lá na colheita aproxima as pessoas que estão a tantos quilômetros de distância e que muitas vezes nunca estiveram numa fazenda nem mesmo nas cidades onde elas existem, o Piauí é muito grande”, completou.
Patrícia também se interessou pelas atividades da fazenda desde pequena e contou que sempre soube que queria se formar em alguma área na qual pudesse trabalhar com o negócio da família.
“Minha contribuição é mais forte na área de gestão, mas desenvolvo o que precisar desenvolver e opino no que é da alçada deles também. Às vezes parece que eu estou lá para tirar uma foto, mas não é. E esses dias, por exemplo, fui numa área de arroz e vi uma coisa interessante, comentei com o pai e ele já foi lá ver”, afirmou.
Fonte: g1 Piauí