Esta semana, áudios revelaram que ministro da Educação buscava atender pedidos de pastores a pedido do presidente da República.
A Folha de São Paulo teve acesso a áudios que mostram o atual ministro da Educação, Milton Ribeiro, declarando que dá atenção especial a pedidos feitos por pastores evangélicos e que isso acontece a pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro.
Nessa terça-feira (22), o Jornal O Estado de São Paulo entrevistou o prefeito de Luís Domingues, cidade no Maranhão, Gilberto Braga (PSDB). Na entrevista, o prefeito disse que um dos pastores apontados pelo ministro da educação cobrou 1kg de ouro em troca de conseguir liberar verbas do MEC para o município. A informação dada pelo prefeito ao Estadão também foi confirmada por fontes da Folha de SP.
Segundo o prefeito, o pedido foi feito pelo pastor Arilton Moura, em um restaurante de Brasília, na presença de outros políticos. Apesar de não ter cargos no governo federal, Arilton e o também pastor Gilmar Santos têm negociado liberação de verba da área da educação para várias cidades do país.
Problemas
A primeira informação sobre o pedido de Bolsonaro para que Milton Ribeiro atenda os pedidos dos pastores já é um problema porque o pedido fere o princípio da impessoalidade que deve reger a administração pública. Isso é, dinheiro público deve ser enviado a pessoas e projetos em razão de critérios técnicos – por necessidade e não por envolvimento pessoal com o administrador.
A segunda informação relacionada à denúncia de que o pastor cobrou propina para conseguir enviar dinheiro para a prefeitura da cidade no Maranhão, se confirmada, indica um possível caso de corrupção. Cabe aos investigadores confirmarem se a denúncia procede, se esse mesmo pedido foi feito a outros prefeitos, se o alguém recebeu propina e se o dinheiro chegou ao bolso de algum funcionário público.
Denúncia do prefeito maranhense
Segundo Gilberto Braga, o pedido de propina foi feito no restaurante Tia Zélia, em Brasília, no dia 15 de abril de 2021, informou a Folha de São Paulo, que checou as informações com dois assessores do município.
Na entrevista, Braga disse que ouviu a proposta, mas não deu sequência ao assunto. O almoço – para mais de 20 pessoas – foi pago pelos dois pastores citados pelo ministro nos áudios revelados pela Folha.
Por meio de nota divulgada ainda na segunda-feira (21), o ministro da Educação tentou amenizar a situação do presidente da República.
A oposição ao governo federal pediu a abertura de investigação sobre o caso. O ministro é evangélico e pastor, mas até membros da bancada evangélica também cobram explicações e até sugerem a substituição do ministro.
Milton Ribeiro deve concorrer ao cargo de deputado federal nas eleições deste ano.
Fonte: radio jornal ne10