
Com as chuvas abaixo da média, o registro de altas temperaturas podem acontecer no Piauí. Esse mês, o município de São do João do Piauí registrou a temperatura de 40 graus, e outros municípios do sudeste piauiense, na região de Picos, também registraram temperaturas elevadas, com 38 e até 39 graus. A climatologista Sara Cardoso diz que esses fenômenos podem ser repetir antes do início do B-R-O-Bró.
Mas a climatologista alerta, não se trata de uma antecipação do B-r-O-Bró, são eventos causados pela baixa ocorrência de nebulosidade e chuvas.
“Alguns municípios no sudeste piauiense vem apresentando temperaturas elevadas, chegando a 38 graus, mas isso mão é uma antecipação do período do B-R-O-Bró, o que estamos vivendo é, realmente, a ausência da chuva, ausência de nebulosidade. Se não tem nuvem, se não tem chuva, tem umidade baixa e temperatura alta, e é possível que o Piauí fique, sim, mais quente nos próximos meses, já tivemos municípios com 40 graus, a tendência é que esses episódios fiquem cada vez mais repetitivos”, explica.
A causa principal de tantos problemas são as mudanças climáticas que estão atingindo todo o planeta, grande parte causadas pela ação humana.
“Estamos vivendo repercussões das mudanças climáticas. Nós estamos com mudanças nos padrões dos sistemas promotores de chuvas. Tínhamos uma expectativa da ascendência de uma La Niña que poderia aumentar a frequência das chuvas, mas ela nem chegou a ficar ativa. Além disso, nos temos uma mudança nas águas do oceano Atlântico, que está aquecido desde 2023 e permanece da mesma forma. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que comumente ficaria ativa em fevereiro e março ficou ativa somente em janeiro e isso colaborou para que janeiro fosse um mês extremante chuvoso. Tudo está fora do padrão, por isso em 2025 choveu menos que em anos anteriores”, explicou.
Segundo a climatologista, somente as chuvas de janeiro ficaram dentro ou acima do esperado, o que ocasionou o fenômeno da seca verde em parte dos municípios do estado. O último decreto do Governo do Estado relacionou 129 municípios em situação de emergência por conta do fenômeno.
“Apenas no mês de janeiro a maioria os municípios registraram chuvas na média ou acima da média, em fevereiro a grande maioria das cidades registraram chuvas abaixo da média, e em março tivemos apenas municípios do centro-norte e norte acima da média, principalmente. Aqueles que estão próximo da divisa do Maranhão”, explicou.
A última vez que o Piauí sofreu com um período chuvoso com seca foi em 2017, sete anos depois a configuração se repete.
“Vivemos muitos eventos climáticos extremos, como chuvas muito configuradas, problemas com vento, chuva com mais de 100 milímetros em 24 horas, mas isso não põe fim a seca. O que põe fim a seca é a regularidade temporal e espacial da chuva. Se chove todo dia mansinho tem mais chance de acabar com a seca do que chover uma chuva de 100 milímetros em 24 horas e passar oito dias sem chover. Isso é altamente nocivo para o desenvolvimento das culturas. Nesse momento estamos com reservatórios baixos, justamente os pequenos reservatórios, os barreiros e os riachos que são, de fato, utilizados pela população da zona rural”, analisou.
A boa notícia é que para os municípios dos Norte do Piauí ainda são esperadas chuvas no restante de abril e no mês de maio.
Fonte: cidadeverde.com