Policiais cumprem mandados de busca e apreensão. A gestão de Ipiranga do Piauí, que informou que vai se posicionar em nota. A prefeitura de São Luís do Piauí ainda não se manifestou.
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (15) a Operação Paradoxo, que apura denúncias de esquema envolvendo vereadores, secretários e empresários – que não tiveram seus nomes informados – suspeitos de corrupção nos municípios de Ipiranga do Piauí e São Luís do Piauí.
O g1 entrou em contato com a gestão de Ipiranga do Piauí, que informou que vai se posicionar por meio de nota. A secretária de finanças da cidade, Luíza Borges, disse que as suspeitas dizem respeito à gestão anterior. A prefeitura de São Luís do Piauí foi contatada e ainda não se posicionou sobre o caso.
A PF informou que há nove mandados de busca e apreensão sendo cumpridos nesta quarta, mas não informou quantos já foram cumpridos. Os valores sob suspeita de desvios chegam a R$ 1,5 milhão.
Segundo o delegado Oto Andrade Teixeira, há a suspeita de envolvimento de dez pessoas, incluindo vereadores, ex-vereadores, secretários e ex-secretários. Não há no momento a suspeita de envolvimento dos prefeitos das cidades.
“Os valores chamaram a atenção da Polícia Federal e CGU quando se comparou com o tamanho dos municípios, aparentemente pequenos. Mas as movimentações representavam valores para poucas pessoas e superavam a casa de R$ 1 milhão, a ponto de dificultar a realidade financeira dos municípios”, disse o delegado.
A PF informou que os crimes investigados são de corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, associação criminosa e lavagem de dinheiro. A operação acontece em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), com participação de 25 Policiais Federais e três Auditores da CGU.
A ação desta quarta visa cumprir, ao todo, nove mandados judiciais de busca e apreensão nos municípios de Picos, São Luís do Piauí e Ipiranga do Piauí, todos localizados na microrregião de Picos. As ordens foram expedidas pela 1ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Piauí.
Esquema
Segundo a PF, as investigações indicaram repasses de valores de empresas sediadas em Picos para agentes púbicos vinculados a municípios dessa microrregião, repasses esses que, diversas vezes, ocorreram nas mesmas datas dos pagamentos realizados às empresas relativos a obras e serviços executados nos municípios envolvidos.
Segundo a CGU, as empresas envolvidas nas investigações receberam de órgãos públicos municipais, estaduais e federais do estado do Piauí pagamentos da ordem de R$ 52 milhões desde 2014. A prática do pagamento de vantagem indevida para a efetivação de contratações tem diversas possíveis consequências, tais como contratações com sobrepreço, má execução de serviços e obras, dentre outros, o que prejudica a efetividade da execução das políticas públicas.
Até o presente estágio das investigações, já foram apuradas irregularidades em procedimento licitatório que resultou na vitória de uma das empresas investigadas, bem como a remessa de valores a título de pagamento de vantagem indevida superior a R$ 1,5 milhão.
Além disso, restou demonstrada a utilização, pelo grupo criminoso, de pessoas interpostas com a finalidade de promover a lavagem do dinheiro obtido com a prática dos crimes.
O nome da operação (Paradoxo) é uma referência à contradição existente entre os fatos apurados e os princípios que devem nortear os servidores públicos.
Fonte: G1