Começa nesta terça-feira (13) o julgamento de Nilvan Masciel Neiva, acusado de assassinar a professora Leonor Moreira da Silva, que na época era sogra dele, em 7 agosto de 2005. O julgamento, pelo Tribunal Popular do Juri, acontece mais de 17 anos depois.
O crime aconteceu após uma comemoração antecipada pelo aniversário de Leonor, dentro da casa dela, no bairro Cabral, no Centro de Teresina. Segundo o relato de Clarissa Oliveira, ex-esposa do acusado e filha de Leonor, Nilvan tentou vender a arma usada no crime para convidados na festa, mas ninguém ficou interessado.
“Ele andava armado, uma arma clandestina porque não tinha porte […] Com o decorrer da festa, ele ficou mais alterado, jogou um copo em mim… E as discussões continuaram, porque minha mãe e eu estávamos muito irritadas, porque ele estragou o aniversário dela”, lembrou Clarissa.
Depois da festa, a discussão continuou até Nilvan passar a ameaçar atirar contra a esposa. Clarissa contou que, nesse momento, se trancou no banheiro enquanto a mãe tentava falar com Nilvan.
De dentro do banheiro, a filha ouviu o barulho dos tiros. Leonor foi morta com dois tiros na cabeça. O crime aconteceu diante de Melissa Oliveira, neta de Leonor e filha de Nilvan, que era uma criança na época.
“No início, eu ia passar férias com ele, e ele tentava colocar na minha cabeça que eu não tinha visto aquilo. Ele queria que eu morasse lá com ele e minha avó para negar o crime, sendo que eu vi que ele matou minha avó, que ele deu o primeiro tiro nela”, relembra Melissa.
Depois dos tiros, Nilvan passou dias foragido, em Picos. Ele chegou a ser capturado e ficou três meses preso. Desde então ele aguarda o julgamento em liberdade. Ele foi denunciado por homicídio doloso com duas qualificadoras: motivo fútil e usando método que impossibilitou a defesa da vítima.
Suspeito nega crime e acusa filha da vítima
Durante o depoimento, Nilvan negou a autoria do crime e acusou sua ex-companheira, a filha da vítima, de ter disparado a arma do crime e atingido a própria mãe com dois tiros quando tentava matar ele, por conta de uma crise de ciúmes.
Nilvan se recusou a responder a perguntas do promotor de Justiça, João Malato Neto (ele tem direito constitucional a permanecer em silêncio), e respondeu apenas aos questionamentos do próprio advogado, Gleuton Portela.
Diante das perguntas, Nilvan afirmou que os tiros teriam partido da arma que era dele, mas disparados por Clarissa, filha de Leonor. Ela teria ficado com ciúmes após ele dizer que, depois do aniverário da sogra, ele iria até a casa de um tio. A mulher teria desconfiado e iniciado uma discussão. Durante a briga, ela teria pegado a arma e atirado para tentar atingir Nilvan, mas a mãe estaria no caminho dos tiros, tentando apaziguar o casal.
Ainda segundo ele, Leonor teria sido atingida por um disparo e permanecido em pé, até ser atingida pelo segundo. Enquanto isso, ele teria fugido da casa, e relatou que do lado de fora ouviu o barulho de um terceiro tiro.
Segundo a Perícia Criminal, Leonor foi atingida por dois disparos na região da cabeça. Ela chegou a ser socorrida e passou dias internada em coma, até falecer.
Nilvan fugiu do local usando o carro que era da vítima, Leonor. O veículo foi encontrado abandonado em um matagal no bairro Morros, há cerca de 13 km do local do crime, no sentido Norte.
Em depoimento, Nilvan argumentou que fugiu no carro da sogra porque estava com a chave no bolso, e que teria fugido na intenção de ir para Picos, a Sul de Teresina, onde mora sua família, mas como estava nervoso com o que aconteceu, errou o caminho.
“Minha cabeça era ir para Picos, para minha família. Fiquei perturbado, jamais imaginei que ia acontecer essa tragédia. Quando me deparei, estava no matagal, peguei a estrada errada”, argumentou.
Fonte: G1