Um dos 22 trabalhadores que saíram de Coroatá (MA) para atuar na lavoura em Guariba (SP) diz que, desde janeiro, o grupo foi deixado ao relento pelo empregador.
Na segunda-feira (13), equipes do Ministério Público do Trabalho (MPT) encontraram os homens em dois alojamentos que apresentavam condições precárias para moradia, como instalações elétricas improvisadas, falta de banheiros e rachaduras. (assista acima)
O órgão chegou aos locais depois de o próprio grupo denunciar o caso. Segundo o denunciante, que prefere não ser identificado, os moradores tinham que pagar aluguel de R$ 120 cada ao mês, valor que não condiz com a infraestrutura oferecida, aponta o promotor responsável pelo caso. (veja abaixo)
“O alojamento é essa situação que vocês estão vendo. Estávamos dormindo em 15 [em um dos alojamentos]. Casa toda rachada. Quando chovia, molhava tudo. O telhado está todo quebrado, uma situação precária”, conta o trabalhador.
Além das condições precárias, o homem diz que o patrão também descumpriu o acordo para pagamento. A expectativa é que ambas as partes firmem um acordo nesta terça-feira (14).
“Ele falou que todos iam tirar em torno de R$ 4 mil livres e que chegaria até R$ 300 por dia. Eu mesmo trabalhei por 11 dias e devo ter tirado uns R$ 800, e a gente já está aqui há dois meses. Queremos ir para casa. Aqui a gente está como escravo, um lixo”, pontua.
Condições precárias
O promotor do Trabalho responsável pelo caso, Gustavo Rizzo Ricardo, diz que o MPT quer a indenização ao grupo. Segundo ele, alguns dos trabalhadores atuavam sem registro na Carteira de Trabalho, contrariando uma das promessas feitas pelo empregador.
“As condições são muito ruins. Tem apenas um chuveiro elétrico para todos os moradores. Muitas pessoas dormindo no mesmo quarto, comida no chão. Tem trabalhadores que conseguem registro em carteira, outros estão sem registro”, diz.
Rizzo se reuniu no próprio dia da fiscalização com o homem que contratou o grupo. A identidade dele não foi divulgada.
Linha de investigação pode mudar
O promotor ainda destaca que, nesse momento, não há indícios que sustentem uma situação de trabalho análogo à escravidão. Isso, no entanto, pode ser alterado ao longo das investigações.
“Com o andamento das investigações, o Ministério Público analisa diversas documentações para tomar a decisão. A partir dessa tomada de decisão, nós podemos fazer um ofício à Polícia Federal de Ribeirão Preto, que poderá apurar o crime”, explica o promotor.
Fonte: G1