O endividamento das famílias brasileiras bateu recorde em 2022.
Logo, logo mais dois bebês vão chegar na família da Priscila. Mas o sentimento anda oscilando entre alegria e angústia. A casa em construção foi levada por uma enchente. O casal perdeu tudo e ainda ficou com dívidas que se acumulam.
“Todo dinheiro que você investiu tentando liquidar aquela dívida acaba que é frustrado, porque você não consegue terminar e ainda não tem o abatimento no valor total. Continua rendendo mais e mais juros”, disse a dona de casa desempregada Priscila Xavier Emmel.
Em 2022, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) registrou o maior percentual de famílias endividadas desde o começo da série histórica, há dez anos.
A Priscila se encaixa no perfil da maioria dos endividados: mulher com menos de 35 anos, renda de até dez salários mínimos por mês, moradoras das regiões Sul e Sudeste. E a maior parte das dívidas foi feita principalmente no cartão de crédito.
“Isso é explicado, primeiro: por uma grande necessidade por conta da pandemia. Você teve uma necessidade de endividamento para manter a subsistência básica. Logo depois, na sequência, você teve uma rápida subida da taxa de juros, que saiu de 2% para os nossos atuais quase 14%. Então, aquela população que já tinha muitas dívidas, essas dívidas se tornaram muito caras e isso, obviamente, começou a gerar um problema de endividamento”, explicou o diretor de economia e inovação da CNC, Guilherme Mercês.
“E na saída da pandemia também, principalmente aquelas pessoas de renda mais alta, correram também para consumir, fazer aquele consumo reprimido, por conta da pandemia”, acrescentou.
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O percentual de famílias inadimplentes, ou seja, que têm dívidas atrasadas, também subiu. Em 2022, três de cada dez endividados não pagaram as contas na data de vencimento. Quase metade atrasou as dívidas por mais de três meses e 10% disseram que não têm como quitar o compromisso.
2022 também foi o ano com maior o índice de famílias inadimplentes em uma década. Momentos de crise, que segundo o planejador financeiro Erasmo Vieira, exigem análise e mudança.
“A pessoa tem que fazer um diagnóstico, conhecer a realidade e, por pior que seja, colocar tudo no papel e estabelecer ali o que é prioridade, o que eu tenho que acabar primeiro, o que está pesando mais no meu orçamento. É necessário abrir mão para você ter uma realidade melhor financeiramente e não cair na inadimplência”, explica.
Fonte – G1